segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Azul

O velho pescador despertou pontualmente às 06:15, como ele sempre fazia. Levantou e se manteve de pé, seguindo o balanço do mar. Dentro de seu barco, caminhou lentamente para a parte externa e observou atentamente o mar. Preparou o seu arpão, sua vara de pescar e sentou.

Acendeu o seu velho cachimbo de madeira e fitou o mar, mas não era nele que estava prestando atenção. Estava lembrando de casa, de sua família. Tinha saudade até de seus vizinhos. Uma movimentação anormal estava ocorrendo em sua frente, mas ele demorou demais para perceber.

Era ela, o amor de sua vida, o que o afastou de todos que gostava e o levou para o meio do mar. Com todo o ar que tinha no pulmão, gritou:

- Agora eu te pego!

Levantou-se rapidamente e foi até o arpão. Com um movimento rápido, focalizou o seu alvo na mira e disparou sem pensar duas vezes. O tiro passou reto, longe do alvo.

A grande figura estranha que o pescador tanto amava e odiava se lançou violentamente contra o barco. O pescador, antecipando este movimento, se lançou contra ela e juntos afundaram. À medida que foram afundando, a pressão da água ia aumentando e suas ideias iam ficando mais confusas. Até o ponto em que pararam, se observaram profundamente e se aceitaram como complemento um do outro.

Deviam ficar juntos, pois eram um só.