segunda-feira, 7 de julho de 2014

Ira

Otávio não sabia, mas aquele dia ficaria marcado para sempre no resto de sua vida.

Acordou cedo, olhou para o lado e sentiu falta da presença de sua quase esposa. Foi até a cozinha, mas estava vazia. "Provavelmente ela foi até à padaria", pensou, enquanto voltava para o quarto para trocar de roupa. Vestiu-se com uma roupa quente e começou a preparar o café. A campanhia de sua casa tocou e ele foi verificar. Ao abrir a porta, o filho mais novo do vizinho estava com um grande sorriso no rosto e pedindo por uma doação para um projeto de sua escola. Otávio colocou a mão no bolso e entregou uma pequena doação para o guri, que agradeceu e se dirigiu até a próxima casa. O homem fechou a porta e voltou para o seu café. Haviam se passado mais de 30 minutos desde que acordára e nada de sua noiva chegar. 

Terminou de arrumar a mesa e foi até a garagem, quando reparou que o carro de sua mulher não estava lá. Pensou em aguardar mais um pouco, mas ainda assim entrou em seu carro e saiu. Foi direto para o mercado que ficava mais próximo, quando no caminho avistou o carro de sua mulher em frente à uma casa grande. Parou o carro e bateu na porta da casa, uma velha senhora abriu a porta e ia se apresentando, mas Otávio logo entrou na casa e gritou o nome dela. Escutou uma porta batendo e uma figura de um rapaz apenas de roupão apareceu em sua frente, enquanto este dispensava a empregada do local.

Um milhão de pensamentos e emoções passavam por Otávio, mas tudo que ele pode fazer foi virar as costas e sair do local. Entrou em seu carro e saiu pelas ruas, enfurecido com o que presenciou e com sua ex-mulher, por estar o traindo.

Enquanto ele acelerava, não notou o sinal vermelho e o cruzou em alta velocidade. Colidiu com um outro carro no qual uma família estava indo para um passeio, porém, apenas o homem da família sobreviveu. Otávio, como ele mesmo dizia, teve o azar de sobreviver.