segunda-feira, 21 de abril de 2014

Assalto

O cheiro de cachaça dava para ser sentido de longe. Ele estava completamente bêbado e voltando para casa quando a chuva começou a cair. Cobriu sua cabeça com a touca de sua jaqueta e continuou o seu caminho. Não se lembrava de onde viera e nem o por quê havia bebido tanto. Seus pensamentos estavam completamente confusos e sua mente trabalhava muito pouco, quando sentiu o baque forte na parte de trás de sua cabeça e caiu de joelhos no chão.

Acordou com o corpo todo ensopado, uma grande dor na cabeça e um vazio no peito. A princípio não conseguiu compreender tudo aquilo, pois havia todos os seus pertences e estava no mesmo local em que caiu. Continuou caminhando para casa, procurando algum sentido para alguém o nocautear no meio da madrugada. "Seria apenas uma diversão doentia da pessoa? Nocautear os outros na rua e sair como se nada houvesse acontecido?"

Ao chegar em casa, foi direto para o chuveiro. Ao tirar sua camiseta, percebeu que havia um grande buraco em seu peito. Não conseguia compreender aquilo. Olhou-se no espelho e não pode enxergar nada. Apenas uma cavidade em seu peito. Aquilo explicava a sensação de vazio, mas ainda não fazia sentido em sua cabeça. Haviam roubado o seu coração? Como ele poderia estar vivo? Nada fazia sentido naquele momento.

Vestiu-se e foi até a cozinha, preparou uma dose caprichada de sua melhor bebida e foi até a janela. De repente o mundo todo escureceu. Não enxergava as pessoas nas ruas, apenas sombras.

Sua cabeça começou a girar, nada mais fazia sentido. Pegou a chave de casa e saiu em busca de uma explicação. Andando pelas ruas, as sombras deslizavam rapidamente pelo chão. Cada uma delas carregava uma lembrança, sempre atitudes ruins que ele tomou em sua vida e que o fizeram perder coisas que seriam importantes para ele hoje em dia.


Continua.

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