terça-feira, 29 de abril de 2014

Até o fim

Continuou rumando e observando atentamente cada uma das sombras, aprendendo com o que elas estavam o mostrando e reavaliando suas atitudes ao longo de sua vida. Ele estava no início de seus 40 anos, não tinha uma perspectiva de vida e cometeu muitos erros. Se considerava velho demais para concertar suas cagadas e apenas aceitava elas. Porém, após os acontecimentos recentes, começou a pensar melhor sobre o assunto e se arrepender. Poderia ter tido outra vida, ser sincero com os outros e principalmente com ele mesmo.

Quando chegou ao fim da rua, enxergou uma pessoa sentada no meio fio, de pernas cruzadas e olhos fechados. Havia uma expressão de serenidade em sua face. Porém, por algum motivo ele não conseguia chegar perto daquela pessoa. Quanto mais se aproximava dela, mais distante ela ficava. Gritou para ela, pulou e tentou chamar sua atenção de qualquer maneira, mas não obteve sucesso. Calmamente, a pessoa que estava sentada levantou-se e disse:

- Tenha calma. As respostas para os seus questionamentos virão com o tempo.

Percebeu que era um homem muito parecido com ele. Porém, o sujeito não tinha barba e parecia ser mais jovem, com mais vida. Decidiu perguntar para a figura:

- Certo. E quem é você?

- Eu sou você, porém, fiz escolhas diferentes em minha vida e cá estou. Pelo visto, tracei um bom caminho...

Não podia acreditar no que estava vendo e ouvindo naquele momento. Tivera um encontro com ele mesmo, percebeu o quão diferente seria caso tivesse traçado outro rumo. Porém, preferiu se abraçar ao bar e às ruas da cidade. Virou as costas para si mesmo e começou a andar sem rumo, quando sentiu outro baque. Dessa vez, em sua nuca.

Se encontrou no mesmo lugar em que tinha caído da outra vez. A chuva já havia parado e o dia amanhecido. Uma senhora passou ao seu lado e perguntou se estava tudo bem. Ele assentiu com a cabeça, se levantou e seguiu seu caminho. Estava confuso, pois não entendi o que havia se passado com ele, mas sabia que era sério e que deveria trilhar algum rumo em sua vida.

Enquanto caminhava, passava em frente a um bar. O cheiro de álcool o deixava atraído.

Pensou, "por quê não?" e entrou.

Pediu uma dose de cachaça. Mais uma. A terceira. Logo abraçou a garrafa e saiu sem rumo, debaixo da chuva forte e pelas ruas movimentadas da cidade, que não o deixava em paz.

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